domingo, 30 de janeiro de 2011

Oh, Minas Gerais! Quem te conhece ...

Acreditem, eu não conhecia nenhuma cidade histórica mineira. A mais antiga por onde já tinha passado deve ter sido Barbacena. Neste fim de semana, porém, visitei Tiradentes e São João Del Rei. Socorro!!!!!!!!!!!!!!!!! O que que é isso, minha gente! Fiquei alucinada com Tiradentes, com suas ruelas, pedras, a maravilhosa Serra de São José, fazendo a cidadezinha parecer uma ilha cercada dentro de um forte, a ferrovia, a história encravada em cada canto, em cada rua. Me apaixonei perdidamente por Tiradentes a ponto de achar que nunca mais serei a mesma depois de ter visto de perto aquela belezura.
Visitei a cidade numa época em que a cultura estava fervilhando. Foi a 14ª edição da Mostra de Cinema Brasileiro, que reuniu milhares de visitantes, cineastas novos e velhos, curiosos, estudantes, crianças. Emocionante assistir à apresentação dos resultados das oficinas que as crianças fizeram durante a semana. Fotografia, vídeo, teatro, tudo de arrepiar.
Enquanto isso (na sala de Justiça), fiquei pensando na minha própria cidade, Itajubá, onde eu gostaria muito de ver algo semelhante, em termos de estímulo à produção local de cultura. Tenho certeza que as crianças que participaram das oficinas em Tiradentes terão, a partir dali, um novo olhar para o mundo. É assim que eu acho que as coisas devem ser: dar oportunidade e condições para que as pessoas se manifestem através das várias linguagens da arte. Oferecer espaço para que a cultura local se fortaleça. Esse é o verdadeiro papel do poder público.
Não desdenho de iniciativas como a que tem tido a Prefeitura de Itajubá em oferecer shows a preços subsidiados para a população, por ocasião da feira agropecuária. É bom sim ofertar entretenimento - independente aqui da qualidade disso - mas é indiscutívelmente melhor e mais importante para uma cidade que os moradores comuns, de todos os cantos dela, tenham condições reais de criar a sua prórpria história cultural: é preciso estimular crianças, jovens e adultos a aperfeiçoarem suas produções e a mostrarem para o público. E a cultura também dá dinheiro, é uma atividade econômica que transforma a vida de quem faz e de quem recebe.
É isso! Viva Tiradentes! Viva o Cinema Nacional. Vivam as pessoas que percebem a importância da cultura para a transformação da sociedade!  

quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Juiz de Fora, lá vamos nós!

Ficarei alguns dias sem blogar. Nesta sexta, pela manhã, vou sair para conhecer Tiradentes e São João Del Rei. No sábado, rumo a Juiz de Fora, onde encontro meus colegas de faculdade, 21 anos mais experientes. No domingão, Belo Horizonte, aquela terra maravilhosa, para preparar os detalhes para a posse de Ulysses na Assembleia Legislativa, cuja solenidade acontecerá no dia 1º de fevereiro.
Serão tantas emoções!, como diria o Roberto.

Vida nova se aproxima!

A política, de alguma maneira, há tempos está próxima de mim. Como jornalista, o assunto é dos mais presentes na pauta. E como já tenho 21 anos de estrada, tenho uma vasta coleção de temas políticos, entrevistados políticos, polêmicas políticas na bagagem.
Em uma época, lembro-me de comentar com alguns que eu não gostava de política. Isso quando eu apresentava o programa Informativo 987, na Rádio Jovem FM, em Itajubá, e cheguei até a ser processada pelo ex-prefeito Chico Marques por conta da opinião de um ouvinte, que eu levei ao ar. Para mim, isso não foi nada agradável. Ter que me sentar, pela primeira vez, em frente a um juiz e em frente a quem tinha me denunciado, foi um momento de muito desconforto. Chico Marques, ao mover aquele processo, teria mirado a emissora e não a mim, mas quando percebeu que era eu, e não a emissora, a responsável pela informação que lhe ofendeu, retirou o processo. De qualquer maneira, foi um momento gravado de maneira negativa na minha carreira profissional. Dou razão a Chico Marques naquele processo. É preciso ser responsável pelo que se fala de terceiros, mesmo que, naquele caso, não tivesse sido eu, mas um ouvinte anônimo. Total responsabilidade minha. Aprendi na dor, apesar de sempre ter tido consciência disso, na teoria! 
Talvez por desconfortos desta espécie - apesar deste ter sido o único levado à Justiça - eu dizia que não gostava da política. Lembro-me também quando um dos costumeiros entrevistados da época, o ex-vereador Rodrigo Riêra contestava minha fala, dizendo: - Você gosta de política sim! Sob meus protestos, Rodrigo ouvia minha insistência: - Gosto não!
Hoje, tenho que dar o braço a torcer ao político Rodrigo Riêra, que, aliás, sempre reafirma sua paixão pela política desde os tempos de menino, segundo ele. É isso. Realmente eu gosto da política, mesmo sabendo que é um ambiente muito fértil para maus entendidos, péssimas intenções, meias palavras etc. Mas é também neste ambiente que estão todas as esperanças de uma vida melhor para todos porque ele está cheio também de gente bem intencionada, eficiente, gente do bem.
Começo, na próxima semana, o trabalho de coordenadora de comunicação do mandato de Ulysses, hoje Deputado Estadual. É mais um desafio pela frente. Já assessorei candidatos - ele, inclusive - vereadora e prefeito em Ribeirão Preto, deputado federal em Minas Gerais. Agora, é a Assembleia Legislativa de Minas que está na pauta do meu dia-a-dia. Ambiente novo, assuntos novos, gente nova! Agora sim, começará 2011 pra mim.
Entusiasmo não falta. Também não falta aquele frio saudável na barriga, de quem sabe a responsabilidade que tem pela frente. Estamos formando uma equipe que está com muita garra para fazer a diferença! Para a comunicação do mandato, nossa busca não será pela pura e simples divulgação do que está sendo feito. A comunicação pode muito mais: comunicação para promover, nas pessoas, a ampliação de sua consciência política, promover e estimular a educação política dos cidadãos, para a busca de uma vida melhor e mais autônoma.
2011 chegou e já chegou a todo vapor!




terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Ou isso ou aquilo!

Tem dia que não quero falar de nada, pensar em nada, nada fazer. É imensa a vontade de cair na cama e por lá ficar. Horas a fio. Dormindo, com a lua cheia no céu, uma trilha sonora já pronta sem que eu tenha que mexer um dedo sequer. Sem fome nem sede, sem celular, sem interfone e preocupação, sem projetos na cabeça, sem ideias mirabolantes para pensar em como executar.
Hoje, só tenho vontade de poetar, de ler Manuel, Mário, Carlos, Chico, suas palavras me dão uma sensação de estar de volta ao útero materno, onde tudo deve ser perfeito. Pra quem lê, dou de presente um soneto de Cecília.


SONETO ANTIGO

Responder a perguntas não respondo.
 
Perguntas impossíveis não pergunto.
 
Só do que sei de mim aos outros conto:
de mim, atravessada pelo mundo.

Toda a minha experiência, o meu estudo,
sou eu mesma que, em solidão paciente,
recolho do que em mim observo e escuto
muda lição, que ninguém mais entende.

O que sou vale mais do que o meu canto.
Apenas em linguagem vou dizendo
caminhos invisíveis por onde ando.
 

Tudo é secreto e de remoto exemplo.
Todos ouvimos, longe, o apelo do Anjo.
E todos somos pura flor de vento.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Homofobia, Hipocrisia, Humor de mau gosto!

O combate à homofobia está na pauta do dia. Hoje, por exemplo, está acontecendo um seminário internacional sobre o assunto, teve audiência pública na Câmara dos Deputados sobre o bullying homofóbico, tem campanhas em rede por todo lado, tem votação na Câmara sobre o direito do transexual mudar também de nome, quando muda de sexo, tem BBB apelando para este papo, cartilha do Ministério da Educação para tratar do tema na escola, parlamentares evangélicos gritando contra.... Ufa! Tem gente de todo jeito e todo lado falando sobre o assunto.
A Globo faz cara feia quando dá notícia de violência contra homossexuais. A emissora, claro, é contra qualquer tipo de violência. Só faz cara de paisagem quando a violência vem embalada numa super produção e dá Ibope, quando a violência vem disfarçada de programa infantil - que deseduca, desinforma, cria, violentamente, pessoas feitas para não pensar.
A violência contra os homossexuais, presente nos programas que os tratam de forma caricata, ridícula, essa não dá BO. Essa a Globo permite deliberadamente, debochada e conservadoramente. Homossexual em novela é bicha louca, afetada, ridícula. Em programas de humor, como o Zorra Total, então, é um assassinato ao bom senso, ao humor.
É chegada a hora em que homossexuais sejam inseridos nas tramas da ficção não de maneira panfletária, sem que seja preciso tratar o assunto como uma causa, uma bandeira... Mas que sejam personagens 'normais', cuja homossexualidade não seja a tônica da narrativa. Este aspecto deve ser encarado com naturalidade até que o seja na vida real. A vida imita a arte!

Para as comissões de formatura e quem possa interessar...

Tenho o prazer de publicar o texto enviado pela Hebe Rios, que atualmente, é Chefe de Redação da EPTV, em São Carlos. E eternamente amiga.

Dá uma tese falar no que se transformaram as cerimônias de formaturas de quem termina uma faculdade, seja pública, ou particular.
A festa convida e antecipa em convites o passo a passo do ritual que finaliza a etapa tão sofrida para estudantes e pais. Nada mais justo e tradicional. O problema começa justamente aí, na tradição.
Se convencionou que tudo deve ser cercado de pompa. Os convites são luxuosamente confeccionados, cheios de fotos produzidas e letras à altura do momento tão esperado - textos em prosa e poesia, homenagens e mensagens de agradecimento aos principais atores da nobre conquista, afinal estamos no país em que apenas 5 por cento da população consegue concluir o ensino superior. O cerimonial de cada etapa - missa, culto, colação de grau e baile também não foge a esta lógica. 
Estaria tudo bem se o formalismo, imposto pela tradição, tivesse a cara de quem fica submetido a ele.
Para a geração que rompeu, ou é fruto de quem rompeu mitos, tabus e amarras de comportamento, obedecer a etiquetas é pior do que uma camisa de força.
A formalidade excessiva não combina com o clima de desconcentração que marca a festa. No mesmo espaço da pompa se desenrola uma gritaria sem fim, que não respeita as regras da tão desejada tradição. Digo desejada porque no fundo todos querem essa forma de comemorar, caso contrário não teriam investido em mensalidades para a comissão de formatura. Outros talvez desconheçam uma forma melhor de ritualizar a conquista. O fato é que essa palhaçada dá lucro. As empresas responsáveis pelo "mercado das formaturas" insistem em manter um cerimonial totalmente desconectado do comportamento estudantil, sem o mínimo constrangimento pela incoerência. Ao mesmo tempo em que se desfila em traje, gesto e palavra o rigor cerimonial em uma colação de grau, ou em uma valsa, a platéia e os formandos se manifestam como se estivessem em um campo de futebol. O canudo, símbolo da conquista, mas vazio, já que o diploma é entregue sempre bem depois da formatura, explicita essa absurda falta de sentido.
Para muitos a festa é mesmo o momento de desabafar, de colocar os bichos para fora, literalmente. Um aval para o bixo (calouro) se transformar em bicho (formando). Do ritual do trote ao ritual da formatura a diferença é apenas uma questão de mercado. O que se fatura com o ritual de iniciação, a comemoração espontânea, não se compara ao de conclusão, essa mistura de formalismo arcaico e escracho.
Para mim falta alegria e sobra alegoria. A festa de formatura seria muito melhor se perdesse em pompa e ganhasse em conteúdo e simplicidade. 
Talvez assim esse momento e quem participa dele ganhassem de fato a importância que merecem.



EPTV    
Hebe Rios do Carmo
Chefe de Redação
Emissoras Pioneiras de Televisão
(16) 3363-6465
Antes de imprimir pense no seu compromisso com o meio ambiente.


sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Quem é fonte de informação?

Fonte de informação é uma coisa delicada. Qual a diferença daquela pessoa que, por ser credenciada para tal, fornece INFORMAÇÃO para a imprensa, e aquela que tem uma opinião sobre alguma coisa e é ouvida como fonte?
É importante ter cuidado com isso pelo bem do público. É comum um cidadão, por exemplo, ir pra um veículo de comunicação e dar a sua sugestão: - acho que a ponte deveria ser construída assim, assim... o trânsito deveria ser assim ou assado .... deveria ter remédio em tal ou tal lugar...... a Justiça deveria fazer isso e aquilo... a empresa devia aumentar o salário em tanto..... enfim, as pessoas têm o direito de manifestar sua opinião e dar sugestão sim. Cabe ao veículo de comunicação, porém, trabalhar essa opinião ou sugestão como tal, não a tratando como se isso fosse a informação.
É preciso separar os espaços: um para a opinião, reclamação, sugestão de leigos.  E outro para quem tem credenciamento e propriedade para informar.
O melhor de tudo mesmo é colocar bem próximas essas duas coisas: assim, o leitor/ouvinte/telespectador reclama, sugere.... e o responsável oficial por aquele assunto dá a sua informação.
A imprensa não pode ir além disso, assumindo um papel que não é dela. Ela tem, sempre, que mostrar todos os lados de um mesmo assunto. Se o caso é reivindicação salarial de uma categoria, por exemplo, é obrigatório ouvir os que reivindicam e também a empresa. O público que faça seu juízo, ele que forme sua opinião sobre o caso, concordando com os trabalhadores ou compreendendo a posição do empresário.
Sempre questiono sobre até onde a imprensa pode ir e sobre qual é o seu verdadeiro papel. Tempos atrás, ouvindo a Rádio Itajubá AM, vi um caso típico de exagero, de extrapolar a função. Uma ouvinte ligou dizendo que a mãe tinha que fazer consulta, exame ou algo parecido, mas não tinha condições de ir ao local. Realmente isso é um problema sério e grave. Mas o radialista, com a boa intenção de ajudar – acredito eu –  apelava para o poder público de forma enfática dizendo: tenho certeza que a Prefeitura vai ajudar, que vai mandar um carro buscar a sua mãe, eu vou falar na Prefeitura agora porque isso é um absurdo, a senhora não tem condições de ir ao exame....
Tenho noção clara da dificuldade das pessoas, mas acho temerário que a imprensa assuma esse papel de reivindicar sem saber se há estrutura e condições para isso. Cria-se uma ilusão de que o caso será resolvido e sabemos que o poder público tem limites muito estreitos. Muita coisa não pode ser feita. Seria ótimo que ele pudesse resolver tudo na hora e a contento. Mas não é assim. Por isso, é fundamental que a busca maior do poder executivo seja pela autonomia das pessoas. Assim, elas podem assumir a rédea de sua própria vida sem depender de ninguém.
Outro caso que muito me chamou a atenção foi uma matéria – que não me lembro onde vi – em que uma moradora de um bairro dizia que a presença de antenas de telefonia celular estava fazendo aumentar a incidência de câncer nos moradores. Até arrepiei quando eu vi aquilo nas páginas do jornal. Essa moradora tem credenciamento para falar isso? Sabemos que este assunto é objeto de pesquisas sérias, sabemos também que há interesses trilionários envolvidos nisso, mesmo assim, olha só o pânico que essa matéria poderia ter provocado?
Todo cuidado é pouco! Todo cuidado, eu diria, ainda é insuficiente.




quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Ribeirão Preto proíbe balanga peito!

"Ribeirão Preto proíbe balanga peito", dizia a manchete do jornal Notícias Populares, em uma edição de 1990. Este caso é a síntese da relação conturbada que, muitas vezes, ocorre entre repórter e editor e/ou linha editorial do jornal. Essa matéria foi escrita por mim, quando eu trabalhava na Folha de São Paulo. Os assuntos mais 'apelativos', o Notícias Populares pegava, dava aquela editada básica, pra ficar com a cara da linha editorial do jornal, e publicava sem pudor. O Notícias Populares era do grupo Folha, por isso, havia essa promiscuidade toda.
A matéria, que eu fiz para o Folhão, tratava de uma portaria baixada na extinta Ceterp (Centrais Telefônicas de Ribeirão Preto) determinando que as telefonistas estavam proibidas de trabalhar sem uso de peças íntimas. Isso foi escrito num cartaz e afixado nas paredes da empresa. Pra quê. Jornalista que fareja uma pauta apetitosa como essa não perdoa.
À época, entrevistei o diretor da empresa, a chefe do departamento, algumas telefonistas. Matéria corretinha, todos os lados ouvidos. O texto foi, inclusive, lido pelo Jô Soares, em seu programa.
Mas, no dia seguinte, o Notícias Populares publicou com aquela apelação toda. Com que cara você olha para seu entrevistado depois que a entrevista dele foi publicada em tom de palhaçada? Pois é: dane-se o repórter. O que vale é vender jornal.
Assim como este, passei pelo mesmo vexame outras vezes. Noutra delas foi uma matéria que fiz na Fazenda Lagoa da Serra, que cuidava de reprodução de animais. Fiz o texto para a Folha sobre a profissão de inseminador. É aquele cara que se encarrega de colocar o sêmen de um animal dentro do corpo da fêmea. Adivinhem como é que o NP publicou: "Punheteiro de boi....." Mais uma vez, minha cara foi no chão. Tive o maior zelo ao conversar com o senhorzinho que tinha essa tarefa nada fácil para que, no dia seguinte, ele estivesse sendo chamado de punheteiro.
E o pior é que a pessoa pensa que foi você quem escreveu assim. Em outro caso, foi na própria Folha mesmo. Fui fazer uma reportagem em Cássia dos Coqueiros, que era a menor cidade da luxuosa região de Ribeirão Preto. A ideia era mostrar como se vivia numa cidade que tinha apenas um orelhão, uma farmácia, um isso e outro aquilo. O meu editor deu um título que me rendeu até moção de repúdio na Câmara Municipal da cidade: Dizia ele na manchete da capa: Cássia dos Coqueiros tem mais gado que gente.
Recebi, de verdade, ameaça de uma mulher que disse que faria justiça com as próprias mãos. Me livrei dessa, graças a Deus.
Nem sempre pacífica, a relação editor x repórter tem que respeitar os limites da ética, do bom senso e do respeito às pessoas. Aliás, a imprensa tem que respeitar seu leitor e seu entrevistado. Diminuem-se as chances de isso dar BO.

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Velhos e bons tempos de Rádio Jovem FM!

Ainda pensando sobre a responsabilidade com a informação que a gente passa pra frente, lembro-me quando comecei a cobrir as sessões da Câmara Municipal de Itajubá, época em que eu apresentava o Informativo 987, na Jovem FM, aqui em Itajubá.
Mas antes, um flash back, só pra situar quem tem interesse em me ler: Na greve das universidades federais do fim da década de 80, eu estava em Itajubá porque a UFJF estava parada. Nesse tempo, fiz um estágio na Jovem FM, quando o apresentador do programa chamava-se André. Ele saiu - não sei por quê - e eu fiquei cerca de 2 meses apresentando o programa. Foi a época em que começou na emissora Rodrigo Marques, que hoje apresenta o Itajubá Notícias, na Futura FM.
Ficamos apresentando, em dupla, o programa, por pouco tempo, e lembro-me de uma passagem engraçadíssima. Lendo um texto da Folha de São Paulo, Rodrigo lançou essa: Dom Helder foi à Câmara... Na verdade, era Dom Helder Câmara ..... A próxima nota seria lida por mim. Mas quem disse que eu consegui? Rachamos de rir. Sabe aquele ataque de riso incontrolável, que a gente até perde o fôlego? E isso, no ar, ao vivo. Não consigo me lembrar qual foi o fim disso. Certamente, a pessoa da técnica colocou comercial no ar.
Passada a greve, voltei para Juiz de Fora, depois fui trabalhar em Campinas e Ribeirão Preto e só em 1999, seis meses antes da fatídica enchente, voltei a viver em Itajubá. Passado algum tempo, fui convidada a voltar pro mesmo programa. O velho Informativo 987 da Jovem FM. No início, o diretor da rádio, Mafra, era quem cobria as sessões da Câmara. Num dia em que ele não pode ir, lá fui eu com meu gravadorzinho. Gravei as falas de todo mundo, editei um programinha pro dia seguinte, colocando no ar os próprios vereadores falando.
Apesar de ser uma fórmula pra lá de antiga, era novidade para a rádio. Até então, quem cobria a Câmara registrava as informações, criava um texto sobre e lia no ar. Passamos a colocar as próprias falas dos vereadores no ar. A coisa foi bem recebida pela audiência e rendeu até moção congratulatória da própria Câmara, assinada pelo então vereador Oscar Navarro.
Bem, mas agora sim chego ao ponto do que quero falar: mesmo colocando as próprias falas dos vereadores, o que, em tese, seria a fórmula mais próxima da objetividade, eu levei muita cara feia na 'fuça'. Os vereadores queixavam-se que eu escolhia a pior parte deles para colocar no ar.
Tá vendo só? Realmente era eu quem escolhia a parte da fala que ia pro ar. A fala era legítima, mas a escolha de qual mostrar era minha. E estava ali a minha opinião, embutida na edição. Imparcialidade é puro mito.
Não há como sair de si para executar qualquer tarefa que seja. Mesmo assim, insisto, devemos nos esmerar para chegar o menos longe possível da parcialidade, de tomar partido escancaradamente. Assim, contamina-se a informação para prejuízo de todos.
É isso!

Jornalistas de Juiz de Fora: 20 anos depois!

Em breve, terei a imensa alegria de rever minha turma de faculdade. Nos formamos em 1990 - deveria ser em 1989, mas a Universidade Federal de Juiz de Fora estava em greve à época. Dali pra frente, quase não nos vimos mais, com exceção daqueles que a gente assiste pela TV ou que passam nos créditos dos programas.
Com a Internet, foi possível puxar o fio da meada, reencontrar todo mundo e reunir o grupo. Em 2009, nos encontramos em Juiz de Fora, onde foi tirada esta foto. Agora, no próximo dia 29 de janeiro, nos veremos de novo. Quase impossível reunir todos, mas os que vão se deliciam em lembrar de como os 20 anos são divertidos na vida da gente.
Sempre tive vontade de escrever e estudar a trajetória das pessoas que, em tese, têm as mesmas oportunidades. Uma turma de faculdade, por exemplo. O que determina que um deles se destaque, fique 'bem na fita', enquanto outros têm trajetórias bem diversas? O sucesso na profissão seria o quê? Dinheiro, visibilidade? Ou felicidade apenas, independente de qualquer outra coisa? Perguntas, perguntas, perguntas. Gosto mais de perguntar do que de responder, como jornalista que sou.
Bem, mas nesta turma as trajetórias foram interessantes: Giovanni e Silvana enveredaram-se pela política. Ele foi prefeito da cidade de Rio Pomba. Ela é vereadora, em 4º mandato, em Ribeirão Preto, onde pudemos conviver em tempos de pós-faculdade.
Priscila Brandão e Rogério Corrêa estão na 'Grobo', apresentando. Regina Montella, na Globo Brasília. Arlete Heringer (que formou-se seis meses depois, mas adotou nossa turma nos reencontros) está no Globo Repórter. Ah, Arlete a gente vê também atuando como atriz nas novelas de Manoel Carlos.
Gisele Cid e Maria Lúcia Mendonça estão mandando bem numa agência, a República, em Juiz de Fora. Alberto Mendes tem caminhado pelas emissoras de TV também de Juiz de Fora. Jaqueline Queli é fotógrafa nos Estados Unidos. Miriam Ferreira faz comunicação em JF. Carlos Pernisa tornou-se pesquisador e professor lá onde nos formamos. Isabella Ladeira está brilhando com o Lúdica Música. Aconselho a todos que gostam de boa música a procurar este grupo na Internet. Maravilhoso! Marcela Mattos é professora universitária e tem empresa com clientes importantes. Yáskara Laudares esteve no Governo Federal, mais especificamente, no Ministério das Comunicações, no governo passado.
..... Certamente, alguém ficou de fora dessa ou já atualizou o 'cadastro' e não me avisou.

Nossa trajetória profissional, que já passou da barreira de 20 anos, nos deixou, obviamente, com mais experiência. Mas garanto que o senso de responsabilidade com a informação continua o mesmo. Depois que a gente vira jornalista, dar opinião sobre as coisas - até no ambiente familiar - é uma tarefa delicada. A gente pensa muito antes de falar. O limite é tênue entre o que é a nossa opinião e o que é a informação. Por isso, atenção e cuidado devem estar na pauta do nosso dia.
É isso!

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Coral de Milho Verde 22 anos depois!

Quem tem pouco mais de 30 anos (e bem mais) deve se lembrar do Coral de Milho Verde, que atuou aqui em Itajubá, de 1982 a 1989, inovando na forma de se fazer canto coral na cidade. Era uma meninada adolescendo que, em vez de ficar à toa pelas ruas ou nos botecos - como vejo hoje em dia - se reunia para cantar e encenar um repertório variado, que percorria os vários períodos da música brasileira e não-brasileira.
Pois é, eu fazia parte desse coro, era soprano, ao lado de grandes amigas como Heloísa Feichas, Adriana Fernandes, Eliana Cintra, Lúcia Braz, Silvana Duarte Maia.... certamente vou esquecer alguém. No time das contraltos eram as intensas Débora Serrano, Daniela Maciel, Adriana Candal, Cristiane Venâncio, Ivanise Venâncio, Helena Alam, Nadime Haddad, Marta Kallás, Hebe Rios, Elaine Leite ... vixe, certeza que esqueci alguém.
Os meninos à época eram, no baixo, Zeca Maurício, Carlos Lara (Batata), Marcelo Dalla, Esper Kallás, João Paulo, Paulinho Furtado, Luiz Henrique Ribeiro Franco (que nos deixou tão cedo, pra desespero e dor de todos nós)  ... - e já peço perdão aos que não citei. No bando dos tenores tínhamos Lúcio Gama (o regente), Omar Fontes, Marcos Lara, José Márcio Godoy (ou será que ele era baixo?). - Gente, aos 43, a memória já dá sinais de desgaste!
Bem, mas essa turma toda vai se reunir pra cantar de novo, em julho, em Itajubá, quando o Lúcio poderá desembarcar dos EUA para nos reger. Por quatro anos seguidos, reunimos em minha casa parte do coral. A santa internet nos permite sermos regidos (via skype) pelo Lúcio Gama, lá de cima do equador. É lógico que a regência e o canto ficam em total descompasso, mas quem é que liga pra isso?
Em julho, porém, estaremos afinados e compassados, para apresentar ao público (e aos filhos nossos que vieram depois do coral) de Itajubá um super show. Show de nostalgia, de amizade, de afinação, se Deus quiser.
Em breve, vamos poder confirmar a data certa e o local, mas peço, desde já, que espalhem esta notícia. Coral de Milho não mais verde.. talvez já pamonhas ... mas com a alegria e o entusiasmo da juventude no coração. E na voz!

A imparcialidade existe?

Quem lida com informação, sobretudo com jornalismo, vez ou outra deve se pegar pensando se foi ou não correto no trato de uma notícia. Bem, eu particularmente, acho que todo mundo devia sempre olhar para si mesmo e avaliar se acertou, se errou. Assim é que a gente vai aprendendo. E isso em qualquer profissão, em qualquer coisa da vida, na verdade. Quando a gente acha que errou, quase sempre dá para consertar e sempre dá para evitar o próximo erro.
Bem, mas desde meus tempos de escola, lembro-me de discussões acaloradas sobre a imparcialidade do jornalismo. Tem gente que acha que é possível, outros têm certeza que não.
Eu não acredito na imparcialidade. O tom da voz, a edição de um texto, privilegiando este ou aquele aspecto da informação, até a posição de um texto numa página, são frutos de escolhas do repórter e/ou do editor. E as escolhas que fazemos são baseadas em nossa vontade, nossa opção. Se são escolhidas por algum interesse estranho ao exerício da profissão, isso é outra conversa. Mas que são escolhidas por nós, são.
Então, por mais que queiramos parecer imparciais, nunca conseguimos a plenitude disso. Podemos chegar perto, esbarrar na objetividade, mas nas palavras, ditas ou escritas, nas imagens, com ou sem movimento, está lá a nossa mão, a nossa voz, a nossa cara.
É isso!

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Quem é o governador de Minas,eleito em 2010?

Dia desses, li as respostas dadas numa prova para dar bolsas de estudos para o ensino técnico de uma escola de Itajubá. Uma das perguntas era: - Quem é o governador de Minas, eleito em 2010? Deu empate: Aécio Neves e Anastasia. Um arriscou Ananias. E um outro, pra desempatar, não citou o nome, mas respondeu: o vice-governador do Aécio Neves.
Em princípio, a gente até ri, mas a princípio, é de chorar. As pessoas não sabem nada sobre o que acontece na política da cidade, do estado e do país. A começar pelos nomes dos governantes e parlamentares. Sobre suas ideias políticas então, a população não tem a menor ideia. Como será que votam? Escolhem baseados no quê?
O assunto tem que ser abordado desde os primeiros anos escolares. As crianças têm que saber pra que servem os prefeitos, os vereadores, os governadores, deputados, senadores, o presidente. Têm que saber porque as pessoas se agrupam em partidos políticos. Têm que saber para que servem os impostos que seus pais pagam, como é que um prefeito consegue realizar uma obra. Tâm que entender que reformar uma praça ou uma escola, calçar uma rua, por exemplo, não é presente de nenhum prefeito. É o dinheirinho do imposto que está ali.
As pessoas precisam compreender que vereador não serve para fazer caridade, para pagar a conta de luz de ninguém, perpetuando-se nas câmaras municipais sobre o lastro dos favores ao povo.
Educação para a política devia ser disciplina obrigatória na escola. Essa é a única forma de promover a transformação da sociedade. Na campanha para prefeito de Itajubá, quando elegemos o atual prefeito, dizia sempre aos que estavam à nossa volta: - Prefeito que faz o que está previsto no orçamento, não faz mais que a obrigação. Dobro-me, em reverência, ao político que consegue promover a autonomia das pessoas, a autonomia de pensamento e ações dos cidadãos. Em 4 ou 8 anos é possível sim dar os primeiros passos nesse sentido por meio da Educação, da Cultura, das propostas de geração de renda etc.
Quero, este ano, me dedicar, de alguma forma, a um projeto de Educação para a Política. Acredito no ser humano!

"Espetadas" elegantes e educadas pela Internet, em Itajubá

Ainda bem que existe a Internet porque, caso contrário, a gente ficaria apenas com a informação enlatada da imprensa sobre as coisas que acontecem na cidade e no país. Os blogs, o twitter, as redes sociais de um modo geral, são uma verdadeira revolução na forma de comunicação entre as pessoas e na forma de informação e formação de todos. Se antes, tínhamos apenas acesso às versões prontas sobre as coisas, aquelas que iam para as revistas, jornais, rádios e TVS, hoje temos as falas das pessoas comuns dialogando com as autoridades, com os outros cidadãos, enfim... Todo mundo acessando todo mundo, ouvindo todos os lados, conhecendo opiniões diversas que nunca iriam para um veículo de comunicação convencional.
Aqui em Itajubá não é diferente. Tenho pesquisado para conhecer blogs de gente daqui, sites ou seja lá o que for, para saber como está esta interação entre as pessoas, o que elas pensam sobre tudo.
No blog de Zezinho Riêra, acho muito interessante quando ocorre o diálogo entre 'as partes'. Papos recentes entre ele e o reitor da Unifei, professor Renato Nunes, são interessantes de serem acompanhados. Sempre há uma ironiazinha, um aborrecimento quanto à crítica, uma cutucada mais forte, uma indireta, uma meia palavra - que para bons entendedores basta - mas é indiscutível que esse diálogo é ótimo. Acho que ainda falta muito para que as pessoas não levem as críticas e os questionamentos para o lado pessoal, mas a gente vai evoluindo e crescendo com essa nova possibilidade de diálogo 'tecla a tecla'.
Aliás, como o próprio nome do blog de Zezinho Riêra diz, Viver é Perigoso. Guimarães Rosa sabia de tudo. E o perigo, neste tempo de Internet, é tentar engessá-la para que fique igual à mídia tradicional. Penso diferente de Zezinho Riêra numa porção de coisas, mas gosto de ver a diferença escancarada, transparente, para que o leitor possa concordar e discordar disso e daquilo.
Na minha busca por espaços semelhantes em Itajubá, aceito dicas de blogs e twitters de gente daqui para que eu possa ver a interação acontecendo e assistir à deliciosa mistura de ideias e pessoas.

domingo, 16 de janeiro de 2011

Enchente tinha que ser assunto para todo dia!

Um mês sem escrever aqui. Nesse tempo, por quase 15 dias, estive em Ribeirão Preto e no Guarujá. Prometi e fiz pacto em família que nunca mais vamos para a praia no reveilon. Foram 13 horas e meia de viagem, sob chuva forte, para vir do Guarujá para Itajubá. Mas a estadia lá valeu a pena. Estivemos entre gente muito, muito querida.
Depois desses 15 dias, vivemos momentos de tristeza em família, sensibilidade total quanto à saúde - ou a falta dela - de meu velho pai. E por fim, um filho com nariz quebrado e boca arrebentada, depois de uma brincadeira bobinha, de balançar. E no meio de tudo isso, enchente na cidade. O centro de Itajubá e algumas outras áreas receberam a visita das águas do Ribeirão José Pereira, que afinal, vez ou outra, mostra sua força.
É. 2011 começou 'brabo' pra mim, mas nada, nada mesmo se compara ao que estamos assistindo pela TV na região serrana do Rio de Janeiro. Gostaria de saber como o espiritismo explicaria tanta gente indo junto, da mesma família, da mesma cidade. Por que será que acontece isso? Uma chamada coletiva?
Em Itajubá, o ano começou tenso com a ameaça de enchente e as costumeiras espetadas entre políticos e radialistas. Santos Deus! Quando é que as pessoas vão compreender que é preciso ter relação sadia entre a administração pública e a imprensa?  Chamo de sadio o que não é subserviente nem sensacionalista, o que não é irresponsável nem omisso, o que não é parcial nem subjetivo. E isso de ambos os lados: tanto da imprensa quanto da administração pública.
Com ataques, ironias, trocas de farpas, omissão de informações e amadorismo (insisto que de ambos os lados) todo mundo perde: perdem os veículos de comunicação, a administração, a cidade. Administração e imprensa não têm que ser parceiros nem inimigos. Têm que ter a distância necessária para garantir a confiabilidade da informação.
Bem, mas espero que não tenhamos enchente, que a administração cumpra seu papel de manter a população informada sobre tudo e em todos os momentos e que enchente não seja tema só de fim de ano na cidade. Esse assunto tem que ser conversado todos os dias, nas escolas, nas ruas, nas famílias, porque se é preciso conviver com esse rio que sempre insiste em voltar ao seu lugar, que possamos ter uma cidade educada e preparada todo o tempo para isso.