quarta-feira, 29 de junho de 2011

Com a cara na porta

Zezinho Riêra disse em seu polêmico Viver é Perigoso que tem batido com a cara na porta aqui no blog. É verdade. Ando mandando dizer que não tô, como brinquei com ele. Mas é que a vida tá tão complicada por esses tempos. Num mesmo dia, vivo emoção cheia de alegria ao me encontrar com meu povo do extinto Coral de Milho Verde, que aliás, se apresentará no próximo dia 16, outras alegrias ao ir ao cinema (em Itajubá), assistir a uma orquestra no teatro (em Pouso Alegre, para a felicidade do povo de lá) e as tristezas de ver a dor do meu pai, que está perdendo o brilho dos olhos azuis.
Num mesmo dia, muitos anos passando pela cabeça. Uma esperança renovada e outra indo embora. Um suspiro de prazer e outro de agonia. Uma palavra boa e outra saudade.
É a vida! É o que tem pra hoje!

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Na minha cidade tem poetas

Quisera eu escrever como os poetas que, assim como os cegos, podem ver na escuridão. A letra é de uma canção que foi gravada por Milton Nascimento. Dedicada aqui a Gildes Bezerra, pra me redimir por ter perdido dia de homenagem a ele prestada, no último domingo:

GUARDANAPOS DE PAPEL -  Leo Masliah / Carlos Sandroni

Na minha cidade tem poetas, poetas
Que chegam sem tambores nem trombetas
e sempre aparecem quando
Menos aguardados, guardados,
Entre livros e sapatos, em baús empoeirados
Saem de recônditos lugares, nos ares,
Onde vivem com seus pares,
e convivem com fantasmas
Multicores de cores, de cores
Que te pintam as olheiras
E te pedem que não chores
Suas ilusões são repartidas, partidas
entre mortos e feridas,
mas resistem com palavras
Confundidas, fundidas,
Ao seu triste passo lento
Pelas ruas e avenidas
Não desejam glorias nem medalhas,
se contentam
Com migalhas,
De canções e brincadeiras com seus
Versos dispersos,
Obcecados pela busca de tesouros submersos
Fazem quatrocentos mil projetos
que jamais são
Alcançados, cansados, nada disso
Importa enquanto eles escrevem,
o que sabem que não sabem
E o que dizem que não devem
Andam pelas ruas os poetas,
Como se fossem cometas,
Num estranho céu de estrelas idiotas
E outras e outras
Cujo brilho sem barulho
Veste suas caudas tortas
Na minha cidade tem canetas,
Esvaindo-se em milhares,
De palavras retrocedendo-se confusas,
em delgados guardanapos
Feito moscas inconclusas
Andam pelas ruas escrevendo e vendo
Que eles vêem nos vão dizendo,
E sendo eles poetas de verdade
Enquanto espiam e piram e piram
Não se cansam de falar
Do que eles juram que não viram
Olham para o céu esses poetas,
Como se fossem lunetas, lunáticas
Lançadas ao espaço e ao mundo inteiro
fossem vendo pra
Depois voltar pro Rio de Janeiro