segunda-feira, 25 de julho de 2011

Poema para as férias

ARCO-ÍRIS

(Roseana Murray)



O amor pode ser lilás,
suave e calma fragrância;

o amor pode ser azul,
encharcado de noite e mar;

pode ser vermelho,
fruta madura explodindo
em incêndio:

verde-pássaro
abrindo a gaiola
e tingindo o mundo,

branco-espuma
tecendo renda,

amarelo
derramando ouro,

cor de laranja lavando
os sonhos com fogo.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

Se você disser que eu desafino, amor...

Pessoal, postei aqui e já tenho falado há algum tempo sobre o reencontro do Coral de Milho Verde, 22 anos depois de ter acabado. Teve gente que achava que a gente não ia dar conta. Pensando bem, é uma pretensão mesmo, não é? 22 anos sem cantar, com a maioria de nós longe do palco e do canto, anos de cigarro prejudicando a goela de alguns... - Como pode esse povo achar que ainda tem condições de fazer um show? diriam alguns.
Na verdade, o que vamos apresentar neste sábado, certamente, não terá a qualidade técnica dos coros de Itajubá. Mas o que queremos compartilhar com nossos amigos, familiares, com o público que sente saudade daquele velho Milho, é a emoção de nosso reencontro e o exemplo que este grupo está dando, de não deixar que as coisas boas da vida fiquem só na memória e, às vezes, nem nela.
Iniciativas como esta podem ser tomadas por qualquer um e a qualquer tempo: reencontrar colegas da escola, da faculdade, da república, do trabalho, resgatar esses bons momentos da vida faz a gente sentir que tudo valeu a pena mesmo. Espero todos lá, pra curtir essa emoção com a gente. Se erramos o tom ou a letra, não faz mal. Acertamos na emoção.

sábado, 2 de julho de 2011

A alegria, tão rara às vezes.


Alegria, otimismo e esperança andam sempre de mãos dadas. Mas tem gente que, infelizmente, não aprendeu como é bom experimentar este trio. Tenho compaixão por essas pessoas que não conseguem viver alegremente e, ao contrário, esperam sempre o pior, passam os minutos do dia como se fossem cargas pesadas colocadas sobre seus ombros. Isso me entristece porque há nada, ou quase nada, que se possa fazer por quem associa a alegria à culpa. E sofre, sofre e sofre como se isso fosse a garantia da entrada no céu.
Deus, tenha pena dessas pessoas, ensine-lhes que a vida é um presente e não um fardo, que os obstáculos são importantes para o aprendizado e não uma tortura. Até sofrer com alegria é possível. Sofrer com aceitação de que algo está nas entrelinhas daquele sofrimento. E que ele deve servir para ser transformado em alegria de novo. Com fé, se consegue.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Comentários antigos

Tenho sido displicente com o blog sim. Mãozinha à palmatória. E, por vezes, encontro um comentário que eu ainda não tinha visto, num texto antigo. Pessoal, I'm sorry, mas tá complicado. Vou procurar ser mais assídua ao meu próprio espaço. Vai entender, né? Ando sumida de mim. É verdade, dedicação ao meu trabalho, aos meus meninos, cabeça e coração (nem sempre o corpo) nos pais... eu mesma quase não tenho me visto por aí.

Pra marcar este momento importante, em que a hipocrisia está sendo desmascarada em nosso país!

Gostei muito deste texto, que está no blog Sem Juízo

....cruzada religiosa combate direitos civis de gays....

Não são eles os primeiros que deveriam se destacar pela defesa do amor, da solidariedade e do abrigo aos mais vulneráveis?


O vereador Carlos Apolinário, ligado à Assembleia de Deus, apresentou proposta para criar em São Paulo, o dia do "orgulho hetero", levando o projeto para votação às vésperas da Parada Gay.

A Marcha para Jesus virou palco de repúdio à decisão judicial que garantiu a união estável homoafetiva, tendo como principal estandarte que "o verdadeiro Supremo é Deus".

A deputada Myriam Rios, hoje missionária católica, fez pronunciamento na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro propagando a expressão "orientação sexual pedófila". Dizia ter medo da proximidade de uma babá lésbica a filhas pequenas ou do assédio de um motorista travesti sobre seus meninos.

Porque a incorporação de direitos civis aos homossexuais está incomodando tanto assim aos ativistas da religião?

Não são eles os primeiros que deveriam se destacar pela defesa do amor, da solidariedade e do abrigo aos mais vulneráveis?

Onde estão as tradicionais preocupações com desigualdades sociais e manifestações de fraternidade?

Há quem diga que os grupos religiosos se sentiram intimidados com a proposta de criminalizar a homofobia.

Paradoxo dos paradoxos, pois a punição do preconceito é justamente o combustível para a liberdade de crença.

Em algum lugar do mundo, membros das mais diversas religiões já sentiram na pele o terror do preconceito e da intolerância. Como reproduzi-lo, então?

Depois da decisão do STF que autorizou a Marcha da Maconha, reconhecendo o legítimo direito à manifestação, muitos disseram em um misto de birra e revolta: se vale defender a maconha, vale falar qualquer coisa. Acabou-se a mística da homofobia.

É uma ideia equivocada.

Como bem explicou o ministro Celso de Mello, em voto primoroso, a liberdade deve ser garantida para expressar os mais diversos pensamentos. Mas nunca para ferir -o Pacto de San José da Costa Rica, que o país subscreveu, exclui do âmbito protetivo da liberdade de expressão todo estímulo ao ódio e ao preconceito.

Propor a legalização da maconha é legal. Dizer que os homossexuais são promíscuos, não.

Reverenciar o "orgulho hetero" também não é o mesmo que fazer uma parada gay -assim como prestigiar a consciência negra não se equipara em louvar o "orgulho branco", típico dos sites neonazistas.

A diferença que existe entre eles reside na situação de poder e de vulnerabilidade.

Os movimentos negros e gays se organizam pela igualdade e procuram combater a discriminação - o "poder branco", memória do arianismo, busca exatamente reavivá-la. Não quer igualdade, quer supremacia.

Basta ver que a proposta do "orgulho hetero" se impõe como um resgate da "moral e dos bons costumes", tal como uma verdadeira cruzada.

Por fim, mas não menos importante, a absurda vinculação entre homossexualidade e pedofilia.

Não é grave apenas pelo que mostra -um profundo desconhecimento da vida. Mas, sobretudo, pelo que esconde.

Jogar o defeito no outro, no diferente, naquilo que não nos pertence, é o primeiro passo para esconder o mal que nos cerca, e assim evitar sua punição.

Em vinte e um anos de judicatura criminal, vi inúmeros padrastos molestaram sexualmente suas enteadas, tios violentarem suas sobrinhas e até mesmo pais condenados por estupros seguidos em meninas de menos de dez anos. Na grande maioria dos casos, os crimes são praticados por heterossexuais.

Não se trata de tara, perversão ou qualquer outro atributo de fundo moralista. É simplesmente violência.

Misturar as estações não é ruim apenas por propagar um preconceito infundado. Mas por nos distanciar do problema e, em consequência, da solução.

Quando um dogma supera as lições que a vida nos traz, quando o apego à filosofia é maior que o amparo a dor, quando até o sempre solidário cerra os punhos, um sinal de alerta se acende.

É preciso relembrar que somos todos humanos.