sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Encontrei a resposta

Sempre me atormentou a culpa de não ter conseguido cantar: seja no bar, no palco de um show, pra gravar um CD. Afinal, comecei minha juventude cantando em grupo, num coral que encantou a cidade. Afinada, com boa voz, uma extensão razoável.... por que não cantar então?
Das vezes que tentei cantar só, apenas com o acompanhamento de um instrumento, me perdia no ritmo, não conseguia pegar o tom, era vencida pelo nervosismo.
E assim foi indo, por toda a vida, com aquele desejo reprimido de não ter sido o que eu realmente não dei conta de ser.
Ao ouvir uma bela canção, porém, me entrego, lagrimo, me toma um desejo de cantar pra muita gente ouvir.
Hoje, descobri porque nunca consegui: eu não tenho identidade própria no meu canto, não sei cantar de um jeito meu, não crio no cantar. Apenas gosto de cantar acompanhando a voz que sai da caixa de som. A voz de outra ou outro, que é como se entrasse pelo meu ouvido e saísse da minha boca. Não preciso mais ficar com culpa porque, afinal, não sou artista. E muito menos uma artista desperdiçada. Tenho apenas a habilidade de manter a afinação na melodia. Só isso. Nada mais que isso. E isso não dá a ninguém a condição de ser artista.
Estou em paz, com o canto afinado, que não é meu. É das vozes de Mônica Salmaso, Cássia Eller, Paula Morelembaun a quem gosto de ouvir e cantar junto.

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