quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A angústia da generalidade

Vez e outra me bate uma angústia por ser tão generalista. A vida toda generalista. Tenho uma inveja daquelas pessoas que vão a programas de TV falar sobre um determinado assunto sobre o qual sabem pra caramba. Na minha vida de jornalista, sempre fui generalista. Na Folha, escrevia sobre tudo: cidade, saúde, política, até esporte eu me atrevi uma vez. É certo que a matéria ficou um samba do crioulo doido porque não entendo absolutamente nada sobre o assunto, não acompanho as notícias e não sei falar sobre.
Mas escrevia de tudo um pouco. Na verdade, todo mundo começa assim mesmo. A maioria fica assim pelo resto da carreira, mas alguns se especializam aqui e ali. Claudia Collucci, por exemplo, companheira de Folha, em Ribeirão Preto, especializou-se em reprodução humana e hoje é uma das autoridades - em termos de informação - a respeito. Galeno Amorim era, na mesma época, correspondente do Estadão, em Ribeirão Preto. Especializou-se em assuntos ligados à literatura e à leitura. E assim temos alguns parcos exemplos, aos quais invejo brancamente.
Depois assessorei escolas, entidades, políticos, orquestras, empresas.... Sempre com um leque variado de assuntos para trabalhar, sem aprofundar em um determinado.
Passadas muitas águas embaixo das pontes, tornei-me secretária de Governo, a convite do atual prefeito de Itajubá. Mais uma vez, generalista. Aquela que lida com todo tipo de coisa e com nenhuma delas a fundo. A convite do mesmo, virei secretária de comunicação e a história se repete.
No meio do caminho, entrei para a graduação de Psicologia. Meu objetivo era escrever sobre comportamento. Apaixonei-me pelo estudo do comportamento, graças também à minha excelente professora Gucha. Mas e quem disse que eu consegui, do alto dos quarentão, fazer uma nova graduação de cinco anos? Abandonei, apesar de que o pouco tempo de curso me abriu centenas de portas e janelas na cabeça.
Continuo hoje, 21 anos depois de formada em Jornalismo, com a lacuna da generalidade. O problema é que tanta coisa me interessa.... Um dia me acho!

2 comentários:

  1. Celinha, adorei todos os seus textos, mas esse em especial. Compartilho com você desta angústia. Veja quantos rodeios em tão pouco tempo: formei, reportei, assessorei, me arrisquei num cursinho para tentar a carreira de administrador de empresas, veja só - e eu na altura dos meus 25 convivendo com pré-vestibulandos de 16! Imagina? Adiei o projeto. Agora estou empreendendo e aprendendo muito. Ainda preocupado em continuar os estudos e com a área que devo me especializar. Será essa tb a minha sina? Já dizia aquela música: "eu tenho pressa e tanta coisa me interessa, mas nada tanto assim"...

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  2. Guilherme, bom saber que a sessão dos Angustiados Anônimos vai ter mais um membro. Aliás, quem não tem nada com o que se incomodar na vida deve ter morrido, né? Um beijo e obrigada por participar.

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