segunda-feira, 18 de abril de 2011

Dia cheio de historinhas de vida real

O cotidiano
Durante um dia, ou melhor, apenas nas horas úteis do dia, vejo cenas simples e corriqueiras sobre as quais me dá uma enorme vontade de escrever. Já tentei andar com um caderninho na bolsa pra não deixar a idéia fugir, mas não deu certo. Não me adaptei a este método. Vou é tentar lembrar de todas as coisinhas e coisonas que me chamaram a atenção hoje.
- Já cedo, no caminho do trabalho, andei pensando sobre a ressaca que se abate sobre Itajubá às segundas-feiras. Na absoluta falta de ter o que fazer, a moçada vai pra rua mesmo, na noite de domingo, compra uma garrafa de bebida barata num supermercado de plantão e, no fim, enche os bueiros e as pobres sarjetas de sujeira: copo, garrafa, pacote de salgadinho... É uma ressaca mesmo. Uma pena que as pessoas não tenham educação e não entendam o espaço público como sendo seu. Público é sem dono, feito pra sujar mesmo, pensam os que não têm a sorte de serem alvo de um processo cotidiano e eterno de educação.
- Na passagem pela praça central, uma ‘demanda espontânea’ para o deputado me fez parar na rua. Em seguida, um velho conhecido acena e grita de longe: - e a manchete? – Que manchete? Certamente, ele se referia à notícia recente de que o PT, partido ao qual pertenço, decidiu em reunião que teria candidato próprio na próxima eleição municipal. Caraca, o negócio gerou uma falação, um chororô danado. Pelamordedeus! Não carece tanta polêmica, qualquer partido tem direito a lançar candidato. Coligações não são eternas nem aqui nem em lugar nenhum.
- Em casa, enfrento mais um dos desafios que a maternidade impõe a todas nós: fazer o curativo no nariz do filho que foi operado. Patife no último com sangue e enfermidades em geral, respiro fundo e troco o curativo do meu bebê (diga-se de passagem, um bebê universitário). Egoísmo meu dizer que respiro fundo porque ele mesmo não consegue respirar pelo nariz. Agonia pura essa história de ter uma obstrução no canal de entrada do ar. Ninguém merece isso. Aliás, essa é a coisona sobre a qual preciso usar mais letras para escrever. Na última semana, enfrentei a dificuldade de ter que entregar o filho nas mãos de um cirurgião e um anestesista. Se não fosse a fé em Deus e a confiança que depositei nos médicos, eu não resistiria. Chorei feito criança, rezei feito uma beata, sofri como uma condenada. Isso só confirma minha certeza de que o que mais desejo a todas as pessoas neste mundo é que seus filhos tenham saúde. O resto é nada.
Hoje, depois da cirurgia bem sucedida, mas com a dor recente ainda fresca na memória, vi uma jovem mãe com um garoto no colo, na sala de espera do médico. Menino doente, raquítico, com olhar distante, corpinho desconjuntado. Meu Deus, tenha compaixão, era a única coisa que eu me permitia pensar. De longe da recepcionista, a mãe consulta sobre o dia em que podia fazer um exame. 30 de maio. Só tem vaga para 30 de maio. Isso numa clínica particular, que aceita bons convênios. E o SUS? Se esta resposta fosse dada numa unidade pública de saúde, era motivo pra radialista sair gritando por aí. É preciso olhar para o todo, ter uma visão macro das coisas e não fragmentá-las e se equivocar nos julgamentos.
Na clínica, de repente, o avô entra com o outro filho da moça. Calculo que sejam gêmeos, pelo tamanho. Um saudável, correndo pela sala de espera, o outro, com o olhar distante. Meu Deus, saúde é o que desejo sempre, sempre e sempre.
- Na Internet, essa maravilhosa máquina de reaproximar as pessoas, reencontro uma antiga amiga de escola, Regiane Ladislau, que, fiquei sabendo depois, é seguidora minha aqui no blog. Salve Regiane, bons tempos em que os trabalhos e as provas eram as maiores preocupações da nossa vida.
- Na farmácia, no início da noite, uma moça, com todo o frescor que a juventude dá, sobe na balança e diz pro namorado, que está na fila: - cancela o jantar! Santo Deus, como pode, né? Com seus 20 anos, corpo magrinho e bonito, a menina está preocupada com os ponteiros da balança (aliás, a balança é digital). Que escravidão essa que as pessoas são submetidas de que têm que ficar magras e gostosas.
- Dia cheio de crônicas, de personagens, de pequenas e corriqueiras histórias reais.
Até amanhã!

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