quarta-feira, 13 de abril de 2011

Cultura promove transformação social e econômica

Pesquisa divulgada ontem e realizada pela Federação do Comércio do Rio mostra, para nossa alegria, que o brasileiro está avançando em termos de hábitos culturais. Ir a um cinema – nas cidades benditas que têm um – assistir a um show ou ler um bom livro são atitudes mais comuns hoje que em anos anteriores. Mesmo assim, os números são incrivelmente baixos. Bem, se por um lado é motivo pra comemorar o aumento de 13 pontos percentuais no número de brasileiros que freqüentaram alguma atividade cultural em 2010, por outro, é mais importante ainda refletir sobre esse tímido comparecimento do brasileiro aos ambientes culturais. Segundo a pesquisa, o baixo índice não se deve ao preço do ingresso nem à falta de opções culturais, mas a falta de hábito mesmo.
Aí é que eu questiono. As pessoas não têm o hábito porque ele não é cultivado ou incentivado. E como é que se incentiva? Oferecendo opções de cultura. Não tem outro jeito. É mostrando o quanto é bom ir a uma peça teatral, a um show ou ao cinema, ler um livro interessante ou participar de uma exposição legal. É assim que se cria o hábito. É fazendo. Igualzinho à leitura. Aprende-se lendo. Não tem fórmula mágica. Não existe um comprimido que, tomando, faz a pessoa querer sair correndo pra ir ao teatro. Infelizmente.
E o papel do poder público nisso é fundamental. Considerando que a cultura promove transformação social e econômica, é dever do poder público estimular não só o acesso aos meios de cultura, mas a produção local de cultura. Já disse isso e repito, é muito mais importante investir o dinheiro público oferecendo condições para que as pessoas desenvolvam suas potencialidades do que oferecer o espetáculo pronto.
No Expresso da Cultura, realizado recentemente pelo Ulysses – hoje deputado – uma pesquisa informal também foi feita neste sentido. Constatou-se que 70 e la vai pedrada por cento nunca tinham ido ao teatro. Outros tantos nunca tinham ido ao cinema. Uma pena, grande pena! Itajubá não tem teatro enquanto espaço físico e acho que nenhum grupo resistiu à falta de apoio. Não tem cinema, pois, assistimos às Casas Pernambucanas tomar o lugar da tela, impunemente, sem que nada pudéssemos fazer. Mas, por outro lado, mesmo sem um teatro físico, quando tem gente apaixonada pela arte, incentivada a isso, a coisa acontece até no meio da rua. Mas tem que ter apoio, incentivo. E a tradução disso é orçamento. Não se prioriza só no discurso, mas no orçamento. Em Itajubá, assim como na grande e absoluta maioria dos municípios brasileiros, o orçamento pra cultura é risível. Aí fica difícil resitir, não há amor à arte que sobreviva de vento.
Artista tem que ter trabalho o ano inteiro. Tem que ser pago para oferecer formação artística e para mostrar sua arte. Cultura pode dar dinheiro, pode gerar emprego, pode promover uma profunda transformação social. É isso!

Um comentário:

  1. Olá Celinha, concordo e assino emabaixo. Pois é, fico me lembrando do tempo que brincávamos com a expressão "por amor a arte" quando realizávamos a duras penas algumas produções culturais ai em Itajubá. Funcionava como um auto incentivo. Mas só com muito amor mesmo. Agora te confesso, que mesmo aqui BH , onde há muitas opções e espaços culturais, vejo artistas (de verdade) tendo dificuldades para mostrar seu trabalho e até mesmo sobreviver dignamente. Acho que o Brasil tem muito ainda a evoluir neste aspecto, é duro vermos (por exemplo), teatros vazios e estádios lotados, jogadores de futebol iletrados ganhando fortunas e venerados como deuses, duplas, funkeiros, pagodeiros, "axezeiros" e afins, tomando conta de todos os espaços na mídia que alcançam o "povão"... Sei lá... E dá-lhe pão e circo.

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