sexta-feira, 21 de janeiro de 2011

Quem é fonte de informação?

Fonte de informação é uma coisa delicada. Qual a diferença daquela pessoa que, por ser credenciada para tal, fornece INFORMAÇÃO para a imprensa, e aquela que tem uma opinião sobre alguma coisa e é ouvida como fonte?
É importante ter cuidado com isso pelo bem do público. É comum um cidadão, por exemplo, ir pra um veículo de comunicação e dar a sua sugestão: - acho que a ponte deveria ser construída assim, assim... o trânsito deveria ser assim ou assado .... deveria ter remédio em tal ou tal lugar...... a Justiça deveria fazer isso e aquilo... a empresa devia aumentar o salário em tanto..... enfim, as pessoas têm o direito de manifestar sua opinião e dar sugestão sim. Cabe ao veículo de comunicação, porém, trabalhar essa opinião ou sugestão como tal, não a tratando como se isso fosse a informação.
É preciso separar os espaços: um para a opinião, reclamação, sugestão de leigos.  E outro para quem tem credenciamento e propriedade para informar.
O melhor de tudo mesmo é colocar bem próximas essas duas coisas: assim, o leitor/ouvinte/telespectador reclama, sugere.... e o responsável oficial por aquele assunto dá a sua informação.
A imprensa não pode ir além disso, assumindo um papel que não é dela. Ela tem, sempre, que mostrar todos os lados de um mesmo assunto. Se o caso é reivindicação salarial de uma categoria, por exemplo, é obrigatório ouvir os que reivindicam e também a empresa. O público que faça seu juízo, ele que forme sua opinião sobre o caso, concordando com os trabalhadores ou compreendendo a posição do empresário.
Sempre questiono sobre até onde a imprensa pode ir e sobre qual é o seu verdadeiro papel. Tempos atrás, ouvindo a Rádio Itajubá AM, vi um caso típico de exagero, de extrapolar a função. Uma ouvinte ligou dizendo que a mãe tinha que fazer consulta, exame ou algo parecido, mas não tinha condições de ir ao local. Realmente isso é um problema sério e grave. Mas o radialista, com a boa intenção de ajudar – acredito eu –  apelava para o poder público de forma enfática dizendo: tenho certeza que a Prefeitura vai ajudar, que vai mandar um carro buscar a sua mãe, eu vou falar na Prefeitura agora porque isso é um absurdo, a senhora não tem condições de ir ao exame....
Tenho noção clara da dificuldade das pessoas, mas acho temerário que a imprensa assuma esse papel de reivindicar sem saber se há estrutura e condições para isso. Cria-se uma ilusão de que o caso será resolvido e sabemos que o poder público tem limites muito estreitos. Muita coisa não pode ser feita. Seria ótimo que ele pudesse resolver tudo na hora e a contento. Mas não é assim. Por isso, é fundamental que a busca maior do poder executivo seja pela autonomia das pessoas. Assim, elas podem assumir a rédea de sua própria vida sem depender de ninguém.
Outro caso que muito me chamou a atenção foi uma matéria – que não me lembro onde vi – em que uma moradora de um bairro dizia que a presença de antenas de telefonia celular estava fazendo aumentar a incidência de câncer nos moradores. Até arrepiei quando eu vi aquilo nas páginas do jornal. Essa moradora tem credenciamento para falar isso? Sabemos que este assunto é objeto de pesquisas sérias, sabemos também que há interesses trilionários envolvidos nisso, mesmo assim, olha só o pânico que essa matéria poderia ter provocado?
Todo cuidado é pouco! Todo cuidado, eu diria, ainda é insuficiente.




2 comentários:

  1. Ontem conversando com um jornalista na cidade, comentamos a sobre a atual situação da imprensa em Itajubá e depois muitas conversas, ele concluiu muito bem a realidade. "Evandro, está faltando qualidade nas notícias". E ainda completou, "a falta de qualidade está acontecendo dos dois lados, devido ao extremismo das partes". E acho que a visão dele vai de encontro ao seu texto.

    Abraços

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  2. Replico aqui email enviado pelo jornalista e colega de faculdade Rogério Correia:

    "Oi, Celinha. Gostei muito do blog: simpático, bem escrito, bem intencionado... Você é uma pessoa do bem e merece toda a felicidade que tem."

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