quarta-feira, 27 de abril de 2011

Exageros da imprensa

Há tempos observo o quanto as reportagens de TV exageram na dose. Nos casos de violência, especialmente, elas não se contentam em apresentar a notícia e os desobramentos que interessam ao público, mas fazem capítulos e mais capítulos do que, no fim das contas, não interessa mais. Casos recentes ilustram bem isso: quando a pobre menina Isabela Nardoni foi jogada do prédio, a notícia era essa. Mas não, as TVs levaram horas e mais horas mostrando o carro do casal acusado chegando, saindo... a casa dos avós abrindo, fechando ... a entrada no presídio, a saída no presídio, a chegada do advogado... e isso, isso e mais isso. Já não tinha mais notícia naquilo. O fato era: a menina foi assassinada, havia suspeitos e uma investigação. Qual foi o resultado disso? Era só isso que precisava ser noticiado, mas as emissoras gastaram horas incrementando a notícia, tornando aquele espetáculo de horror ainda mais incrível.
Idem agora com o caso daquele brutal crime na escola em Realengo, no Rio. Espetaculizaram a notícia. Esticaram o mais que foi possível, dando espaço ao que já não era mais notícia.
Isso, na minha opinião, tem um efeito muito ruim. A coisa parece que vira minissérie de TV. O vilão é mostrado de todos os ângulos, de todas as formas. Vira um galã. Galã do horror, mas galã.
Sem nenhum embasamento científico para fazer tal afirmação, eu arriscaria dizer que isso faz aumentar a violência. Mentes frágeis acabam querendo a mesma notoriedade e cometem atos parecidos. Se observarmos atentamente, podemos ver que sempre que acontece algo com essa super repercussão, dias depois, a coisa se repete.
Isso era muito comum quando as TVs mostravam, sem parar e até as últimas gotas de desinformação, as brigas nos estádios de futebol. Não dava outra. No próximo jogo, o pau comia solto. Dias depois do caso de Isabela Nardoni, a imprensa registrou um ou dois semelhantes.
E hoje, no meu facebook, a notícia de que em Passos, aqui no Sudoeste de Minas, uma escola está em pânico porque alguém escreveu nas paredes os nomes das meninas que iriam morrer em breve. Pode ser apenas para chamar a atenção. Mas, é preocupante. Cria-se um clima de insegurança, de violência, que atinge todo mundo. Ninguém ganha com isso.
A TV devia usar mellhor seu tempo. Tanta coisa importante para se falar, para ajudar a mudar as cidades, a cultura das pessoas, mas não, gostam de sangue mesmo. Tem gente que fala que é porque isso é que dá Ibope. É sim, é verdade. Mas dá Ibope porque a TV quer assim e estimula isso. Quero ver quando a TV deixar de espremer as notícias até não poder mais. Não vai adiantar o expectator querer ver porque não terá pra ver. Ele precisa ser estimulado a gostar de arte, cultura, cidadania, meio ambiente.........
É isso!

Um comentário:

  1. Vide caso de bullying (nunca vi tantos casos na minha vida); na minha época (nossa, como to velho) acontecia isso na escola, na rua, em casa ...
    Mas não era tão notificado como agora, tá certo que hoje tudo é relatado em tempo real, mas parece que a imprensa tem sede por vender mais e mais ..
    Criança abandonada no lixo ?? Só essa semana já li mais 2 casos .

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